segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Bipolaridades

Todos nós temos o nosso lado Bipolar. Temos... De certeza que sim. Uns aceitam esse lado outros recusam-se terminantemente a assumi-lo. Eu aceito-o. Sei que tenho. Mas não o mostro às pessoas que me rodeiam. Se mostrasse achariam que era louca e de certeza me internavam num hospicio. Mas cabe na cabeça de alguém ter estas ideias na minha cabeça, por um lado ser a menina certinha, mãe e mulher e por outro estar constantemente com a minha cabeça num reboliço, a pensar em sexo ou melhor a pensar  no sexo que tive e na vida que tive. Diriam alguns, aqueles descrentes da bipolaridade que eu era uma saudosista e uma conformada com a vida, que como não conseguiu o que queria, aguentou-se com o que lhe deram. Eu diria, mentira, essas vozes que dizem isso não sabem o que dizem. O passado é passado e teve o seu tempo, a sua época. Recordo o meu passado com a sensação de tempo bom. Não são saudades. Nesta altura da minha vida não voltaria a fazer nem metade do que fiz. Mas foi bom. Foi bom ter tido a oportunidade de o fazer, de dar largas à minha loucura interior. Tanta gente nunca teve essa oportunidade. Provavelmente esses mesmos que condenam a bipolaridade. É mau continuar a pensar nessa época? Quer dizer que tenho saudades e que gostava de voltar a dar largas à loucura? Nem pensar. Sabem o que eu acho mesmo? O problema é não haver abertura suficiente na relação actual para falarmos do nosso passado, Porque se ele soubesse do meu passado, mesmo sendo passado, nunca mais conseguiria olhar para mim da mesma maneira. Ficava a conhecer-me muito bem. Demasiado. Muito para além do que é permitido conhecerem porque ultrapassa todas as barreiras imagináveis. Mas talvez seja esse o motivo para eu ser assim. Há tão poucas pessoas que conhecem a essencia do meu ser. E não poder mostrar a essencia do meu ser ao meu companheiro enlouquece-me. Torna-me assim, bipolar.
CB: Queres vir dormir cá a casa?
PP: Sim. A que horas?
CB: Já

A PP vestiu-se a correr, enfiou a pasta de dentes na mala e seguiu para casa do CB. Era assim quase todas as noites. Á espera que o telemovel soasse com a SMS. Quando a PP chegava, ele esperava-a na cama. Atirava-se para cima dele e beijava-o, sentia-o. O  toque da pele dele era inesquecivel. Por vezes ficavam ali enrolados só a fazer carinhos, outras vezes partiam para a acção. E que acção. Por varias vezes ela recorda-se dessas noites, ainda hoje, mesmo ao fazer amor com o seu marido. Excita-a pensar nele, no toque dele, nas maravilhas que ele fazia. Sem saber porquê. O seu marido consegue ser 100 vezes melhor que o CB na cama. Verdade. Consegue. Desdobra-se em atenção até ela chegar ao ponto. Mas ela não consegue evitar de se excitar ao pensar no outro.

Coisas curiosas do nosso cérebro não é? Gostava que um dia me explicassem porque é que isto acontece.

Se calhar diziam que isso era porque a PP ainda estava apaixonada pelo CB. Se calhar está, mas a vida é mesmo assim. E se está, vai continuar a estar até ao fim dos seus dias e terá  de lidar com esse sentimento. Como alguém que ama alguém que morreu, vai sempre amar. E podemos gostar e apaixonarmo-nos por outra pessoa mas... o falecido continua e perdura na nossa cabeça. Para sempre... acho que é isso que a PP sente.
Mandei uma mensagem ao Zé. Não resisti. Foi só a dar os parabéns pelo miudo. Não o devia ter feito? Caramba. Apeteceu-me pah.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O Ze

O Ze foi a minha paixao de infancia. De repente esta semana 2 pessoas cairam aos trambolhões na minha mente demente. O Ze era amigo do meu primo. Aquele bom vivan, playboy assumido. Também parece que são estes que sempre me atrairam. Eu não descansei enquanto não o conheci melhor. Anos passaram até que isso acontecesse. Foi preciso casar-me, separar-me, ter o CB, acabar com o CB. Até que num verão, ainda doida da cabeça por tudo o que me tinha acontecido com o CB, lá estava ele. Disponivel para mim. E meio atabalhoadamente, como se fossemos dois adolescentes com o cio embrulhamo-nos, sem olharmos bem para as consequencias dos nossos actos. Naquela noite, quando cada um foi para seu lado estavamos como se não pertencessemos aos nossos corpos. No dia seguinte foi como se nada se tivesse passado entre nós. Como se tivesse sido a puta da loucura que passou na nossa cabeça. Cada um devia ter os seus proprios fantasmas mas nem falámos nisso. O que se passou entre nós não foi suficiente para acabar com os fantasmas. Mais uns meses passaram até nos voltarmos a encontrar. Desta vez mais cientes do que estavamos a fazer, mas ainda assim meio loucos, e ainda com os fantasmas do passado a pairar nas nossas cabeças. Mais uma vez, o dia seguinte veio demonstrar que não estavamos preparados um para o outro. Quando estariamos? Não faço ideia. Eu gostava dele, gostava do que me fazia sentir. E ele. Ele eu sei que também gostava de mim. Mas eramos parvos. Eu considero que eramos uns idiotas de uns adolescentes. Atenção que adolescentes de cabeça pois de aninhos já tinhamos ambos idades para ter juizo. Não deu em nada. E a estupidez é que ambos sabiamos que tinhamos tudo para dar certo. Não é uma situação idiota esta? Se calhar teria sido a unica pessoa capaz de matar o fantasma de uma vez por todas.

As vezes nos meus devaneios penso que ele está a minha espera. Á espera que um dia eu me separe do JP e caia de uma vez por todas nos braços dele, já livres de fantasmas. Os olhos dele quando o encontrava em situações inesperadas tal e qual o destino diziam-me isso. E eu acreditava. Quando mudei de telemovel informei-o tal como informei diversas outras pessoas. Ele foi o unico que respondeu: Registado ;) xx

Sorri e mais uma vez lá vieram os meus devaneios. Ele gosta de mim, ele espera por mim. Que parva meu Deus. As vezes tenho medo que Deus me castigue por estes pensamentos quando tenho uma vida tão boa com uma pessoa que me ama e com 2 filhos maravilhosos.

Esta semana nem sei bem porquê, resolvi ir ao perfil dele no facebook. Os meus olhos recaem sobre um comentário de um amigo e de uma amiga a darem-lhe os parabéns porquê? Por ter sido pai imagine-se. Nem queria acreditar. Mentalmente fiz contas para ver se quando o encontrei ele já sabia que ia ser pai e não me disse nada. E não havia duvidas que quando me mandou a mensagem ele já era pai. Meu Deus. Ou eu quero ver coisas que não existem e isto não passa mesmo de devaneios da mais absoluta loucura da minha cabeça ou então não sei.

Assim de repente aquele meu porto seguro que na minha cabeça estava a minha espera se algo corresse mal na minha vida, já não estava lá e se calhar nunca esteve.

Aquele que foi atropelado pelo camião da TIR

Foi a minha grande paixão. Sem sombra de duvida. Podem passar-se dezenas de anos que eu tenho a certeza que mesmo quando for velhinha me vou lembrar dele. Às vezes penso. Será que ele ainda se lembra de mim. Assim, nem que seja durante uma breve passagem. Foram 3 anos que estivemos juntos. Nunca fomos namorados. Diz-se mais, amigos coloridos, muito coloridos. Mas eu considerava-o meu namorado. Ele é que nunca me considerou a mim. Com ele fiz coisas impensáveis. Coisas do nosso imaginário que o comum mortal pensa que nunca, jamais em tempo algum irá fazer. Mas eu fiz. E pronto. A coisa não acabou da melhor maneira. Como eu dizia para as minhas amigas. Não acabou nada porque nunca sequer chegou a começar. Foram 3 anos de pura loucura e muito amor e paixão da minha parte. Acabou drásticamente quando os meus olhos viram o que o meu coração não queria ver. E tive de assumir que aqueles 3 anos foram um sonho, do qual eu tinha acordado. Ou melhor, do qual eu fui acordada. O meu coração parou quando o vi abraçado e aos beijos aquela outra mulher. Chorei. Chorei tanto, tanto... Para mim, ele morreu. Morreu no meu coração. Não. Não foi atropelado pelo camião da TIR mas para o meu coração, foi como se tivesse morrido dessa maneira. Não sobrou nem um dedinho para contar a historia. E quero acreditar que foi assim. Continuo sem saber como reagiria se hoje, quase 10 anos depois daquela fatidica tarde em que fui acordada. E o mais engraçado de tudo é que sei, que aquele que se dizia ser como "o Vento", sem eira nem beira, pouco tempo depois daquela tarde, foi pai. Muito antes de eu sequer ter pensado em ser mãe. Felizmente só soube disto, depois de eu propria ter sido mãe. Sorri a quem me disse. Foi pai de uma menina. Sorri e disse alto... ahahaha bem feita, foste agarrado sem saberes. Mas no meu intimo pensava e sabia que nada tinha sido por acaso e com certeza ele estava bem. Com certeza ele achava que aquela era de facto a mulher da vida dele. E apesar de doer. Apesar de ter feito a minha vida, engoli em seco e sorri. Mas nunca esqueci.

E hoje sonhei contigo CB. Sonhei que passados 10 anos nos encontravamos numa discoteca. E que tu me tinhas visto e tinhas ido ter comigo. Com aquele teu olhar. E com aquelas mãos agarraste-me a cintura para me cumprimentares como se nada fosse. Eu afastei-te porque no meu sonho, o meu marido também estava lá. Afastei-te porque era o mais certo, e não o que me apetecia. Tu querias abraçar-me. Eu afastei-te. Ia jurar que senti o teu cheiro e parece que ainda sinto o toque da tua pele macia na minha. No meu sonho fiz o que estava certo. Mas será que o faria na realidade quando te visse? No meu sonho o meu coração parou quando te vi. Estou certa que na realidade pararia também. Como é possivel neste momento eu ter uma vida, uma familia, filhos fantásticos e ainda assim, ficar louca quando ele me aparece nos sonhos. Isto é ou não é sinonimo que ele é, foi e será sempre o amor da minha vida.

Naqueles 3 anos eu fui da felicidade extrema a infelicidade absoluta. Mas nunca, nunca consegui voltar a atingir o nivel de felicidade que senti naquela altura.