segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O Bruxo

O transito que apanho na ponte, apesar de ser um mito urbano pois não o tenho acahado nada de especial, faz-me pôr os pensamentos em dia. Hoje, ao atravessar o tabuleiro da ponte e mirando o arco iris que se havia formado depois de uma pequena grande tempestade, lembrei-me não faço ideia a que propósito da minha amiga C. E não só. Lembrei-me particularmente de um dia com ela, ou melhor uma tarde em que as duas nos escapulimos dos empregos e fomos visitar um bruxo. Um bruxo verdadeiro daqueles que reviram os olhos e tudo.
Ela já andava há um tempão a aliciar-me a visitar o bruxo com ela, porque o bruxo era mesmo bruxo e que acertava nas coisas. Eu como tinha imensa curiosidade em conhecer uma pessoa assim e porque até tinha umas certas duvidas a pairar na minha cabeça, acedi e um belo dia lá fomos nós.

Chegámos lá a casa dele, uma casa para os lados de Tires que se fosse hoje não fazia ideia de como ia lá dar novamente e estava um montão de gente à espera. Quando digo um montão é mesmo um montão de gente. Parecia um consultório de um médico famoso a dar consultas à borlix. Perguntámos quem tinha chegado em ultimo pois não havia sistema de senhas nem coisa que se parecesse e preparamo-nos para esperar... muito. Quem já lá tinha ido avisára-nos que o tempo médio de espera era de 4 ou 5 horas e as vezes mais.

Como já tinhamos mesmo tirado a tarde para isso, sentámo-nos num banquinho a espera que chegasse a nossa vez. Estavamos ambas muito nervosas e só diziamos parvoices. Não podiamos sair dali pois se saissemos perdiamos a vez.

Umas boas 5 horas depois entramos para uma salinha. Só faltavam umas 3 pessoas para chegar a nossa vez. Tinhamos decidido entrar as duas juntas pois afinal não tinhamos segredos uma para a outra e sempre nos sentiamos mais a vontade.

A salinha era minuscula, escura, velha e com uns 3 ou 4 santos pendurados na parede. Ao canto ao pé da porta estava um género de um pote onde as pessoas deixavam o valor que quisessem. Este bruxo não cobrava dinheiro, pois dizia que se cobrasse perdia os poderes pois o que ele fazia não podia ter um retorno monetário mas, as pessoas eram livres de obviamente deixassem o que quisessem naquela caixinha. Viamos pessoas a deixarem 5 escudos (sim, ainda foi no tempo do escudo) a 10 contos.

Finalmente chegou a nossa vez e se aquela sala minuscula era ligeiramente assustadora, era de certeza para nos preparar para o que iamos encontrar passado a porta para o "consultorio". Era uma sala maior, de paredes brancas mas toda ela recheada de santos e velas. Tinha umas cadeiras de pau encostadas a parede e o bruxo. Nada mais. O Bruxo era um senhor dos seus 50 anos, com um ar que ainda hoje quando penso nele e enquanto escrevo, completamente arrepiante só de olhar. Cabelo grisalho de ar pouco lavado e atirar para o comprido, despenteado e barba por fazer. Sentámo-nos as duas nas cadeiras e ouvimos o bruxo. O bruxo olhava para nós, termia, colocava a mão nas nossas cabeças, esfregava os nossos cabelos enquanto revirava os olhos e balbuciava umas coisas estranhas. Começou pela C que tinha alguma curiosidade em saber se o casamento dela com o R ia dar certo e se os problemas que o R teria se iriam dissipar. Sinceramente não me lembro das palavras do bruxo relativamente a ela, tão nervosa que eu estava. Sei dizer que ela ficou contente com o que o bruxo disse.

Chegou a minha vez e o bruxo mais uma vez esfrega o meu cabelo segundo ele para fazer uma limpeza. Diz que eu tinha a minha cabeça pesada e muito confusa com uma nuvem negra a pairar por ela. E é então que ele se sai com uma brilhante. Diz-me que o meu casamento não está bem e que até ao final do ano iria sofrer uma reviravolta devido a uma viagem para fora do país. Estranhei pois não fazia ideia do que ele se referia. Depois, mostrei-lhe uma fotografia do meu marido com o melhor amigo dele, um fulano com quem eu andava enrolada, sem lhe dizer quem era quem. O bruxo olha para a foto dos dois e diz. Não. Não. Este não, apontando para o meu amante (amigo do meu marido). Depois aponta para o meu marido. Este também não é melhor.

Saí de lá com uma dor de cabeça do tamanho do mundo e ainda mais confusa do que tinha entrado. Pensei que aquilo fosse tudo tanga e não liguei pevas ao que o bruxo disse.

Passados uns meses da minha visita ao bruxo, o meu marido veio informar-me que ia trabalhar para Madrid. Divorciamo-nos. E aquele, o meu amante, veio a revelar-se um cabrão de primeira pois na primeira oportunidade foi vangloriar-se aos amigos de ter ido para a cama comigo. E depois dos amigos vieram os conhecidos do ginásio onde fiquei conhecida como a puta que vai para a cama com todos. Obviamente que não lhe perdoei e também cortei com ele.

Ou seja, o filho da puta do bruxo acertou em tudo. Tudinho. E esta einh?

Sem comentários:

Enviar um comentário